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As vacinas provocam doenças?

As evidências científicas demonstram que as vacinas não causam autismo, nem provocam doenças. Saiba o que está na origem destes mitos.

25 Mai, 2021
4 min de leitura

As vacinas provocam doenças? Podem originar autismo? Existe alguma ligação entre a vacina combinada contra a difteria, o tétano e a tosse convulsa e a síndrome da morte súbita infantil? E é verdade que as vacinas podem causar a doença que deveriam prevenir? Estes são exemplos de algumas dúvidas comuns que os cidadãos têm em relação à administração de vacinas. Tratam-se, no entanto, de receios infundados: as vacinas não provocam outras doenças.

Antes de tudo, é importante salientar que as vacinas são alvo de uma rigorosa avaliação e de ensaios exaustivos, em diversas fases, para garantir a sua elevada efetividade e segurança. Mesmo após o seu licenciamento, as entidades reguladoras da saúde de todo o mundo monitorizam a administração das vacinas e analisam eventuais reações adversas que possam surgir, tal como acontece com qualquer medicamento.

 

A administração de vacinas pode causar efeitos secundários, no entanto a maioria destas reações são ligeiras e sem necessidade de tratamento. As reações mais comuns incluem:

 

• Dor ou vermelhidão no local da injeção;

 

• Aumento ligeiro da temperatura;

 

• Dor de cabeça.

 

Os riscos de reações graves são extraordinariamente inferiores aos riscos causados pelas doenças contra as quais as vacinas nos protegem. A ocorrência, ainda que rara ou muito rara, de efeitos secundários mais sérios é avaliada pelas autoridades nacionais e internacionais responsáveis, sempre com a preocupação máxima de garantir a segurança das vacinas.

 

Apesar dessa garantia de segurança, algumas pessoas receiam que as vacinas possam causar problemas de saúde, nomeadamente doenças que as vacinas deveriam prevenir, por serem desenvolvidas a partir de vírus e bactérias. Esta é uma ideia que é importante desmitificar.

 

Recorde-se que a grande maioria das vacinas convencionais são desenvolvidas a partir de componentes do agente infecioso causador da doença, elementos estranhos ao nosso organismo. Por esta razão, as vacinas conseguem desencadear uma reação no sistema imunitário para criar anticorpos, mas sem o risco de provocar doença. Este risco também é inexistente nas vacinas de tecnologia mais recente, constituídas por ARN-mensageiro do agente patogénico (caso das vacinas Covid-19 desenvolvidas pela Pfizer e Moderna). Algumas vacinas, como a vacina do sarampo, da varicela ou da febre-amarela, são constituídas por vírus “vivos”, atenuados, incapazes de causar doença em indivíduos imunocompetentes, sem patologias significativas de base. No entanto, indivíduos com imunossupressão grave só devem efetuar estas vacinas sob recomendação médica.

 

É também infundada a ideia de que as vacinas podem provocar autismo: “não existe evidência de qualquer relação entre as vacinas e o autismo. Isso ficou comprovado em vários estudos que foram conduzidos em populações muito alargadas”, garante a Organização Mundial de Saúde.

A origem dos mitos

Mas afinal de onde surgem estes rumores? A crença que liga as vacinas ao autismo surgiu na sequência de um estudo que foi publicado em 1998, na revista científica Lancet. O estudo levantou preocupações sobre uma possível ligação entre a vacina contra o sarampo, rubéola e papeira e o autismo, tendo por base uma amostra de apenas 12 crianças, algumas delas com problemas pré-vacinação. Mais tarde comprovou-se que os resultados do estudo foram forjados e o médico que conduziu a investigação perdeu a sua licença para exercer medicina. A revista Lancet retratou-se pela publicação do estudo, mas mesmo hoje, apesar de terem sido desenvolvidas diversas investigações que asseguram não haver relação entre a vacina e o autismo, o mito continua a perdurar junto de algumas franjas da população.

 

Já a génese do rumor de que a vacina combinada contra a difteria, o tétano e a tosse convulsa pode causar síndrome da morte súbita infantil (SMSI) tem uma explicação diferente. O mito surgiu porque esta vacina é administrada numa fase da vida que coincide com a altura em que os bebés podem sofrer este problema. “Por outras palavras, as mortes relatadas por SMSI são coincidentes com a vacinação e teriam ocorrido mesmo que não houvesse vacinação”, garante a Organização Mundial de Saúde, adiantando que alguns estudos evidenciam até que crianças que receberam uma dose desta vacina têm menos probabilidades de desenvolver SMSI.

 

Os exemplos acima relatados reforçam a importância dos cidadãos em identificar e selecionar fontes científicas e de informação credíveis para se informarem corretamente sobre dúvidas que possam ter sobre as vacinas e o seu funcionamento.