Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), à data de 20 de julho de 2021 já tinham sido administradas mais de 3,6 mil milhões de doses de vacinas contra a Covid-19, em todo o mundo. Nesta que é a maior campanha de vacinação da história, os números globais escondem, contudo, um fosso de desigualdade entre diferentes países e regiões. Ou seja, as populações das nações mais desenvolvidas e com mais recursos estão a ser vacinadas a um ritmo 30 vezes mais rápido do que as populações dos países mais pobres. De um lado da balança, há países já com 70% da população vacinada, enquanto noutros – como Uganda ou Serra Leoa – a percentagem não chega a 1%.
“Quem trabalha com doenças tropicais não pode ficar surpreendido com a desigualdade a que assistimos em termos de vacinação global contra a Covid-19”, comenta Jorge Atouguia, médico especialista em infeciologia e medicina tropical. Em entrevista ao Imune.pt, o também presidente da mesa da Assembleia Geral da SPMV – Sociedade Portuguesa de Medicina do Viajante analisa os dados atuais da vacinação global e os grandes desafios na origem deste desequilíbrio entre as nações mais ricas e mais pobres do planeta.