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Como funciona uma vacina (infografia)

As vacinas salvam vidas. Mas sabe como funcionam, que diferentes tipos existem e como conseguem preparar o organismo para lutar contra futuras infeções? Descubra mais sobre o tema, com apoio de uma infografia.

16 Jun, 2021
7 min de leitura

As vacinas representam um dos grandes avanços científicos na área da saúde, contribuindo para a imunização ativa da população contra doenças graves. A sua história começou no século XVIII, com a primeira vacina contra a varíola, e desde então muito se evoluiu na investigação e tecnologia. Atualmente, as vacinas apresentam níveis muito elevados de segurança e eficácia, sendo rigorosamente testadas e monitorizadas. O seu uso tornou-se uma prática comum em saúde, sobretudo com a implementação dos programas nacionais de vacinação. Mas será que sabe como é que funciona uma vacina?

As vacinas podem utilizar variadas abordagens, mas o objetivo é o mesmo: “enganar” o organismo para que este acredite que está perante um agente infecioso (agente patogénico) real e assim desencadear uma reação imunitária.

 

Desta forma, as vacinas conseguem ensinar e ajudar o sistema imunitário a reconhecer esse agente (que pode ser um vírus, bactéria ou parasita) como uma ameaça, produzindo células imunes e/ou anticorpos para o destruir e guardando a “receita” para memória futura. Ou seja, no caso de uma futura exposição ao mesmo agente infecioso, o organismo já sabe como agir rapidamente, evitando danos graves. A função principal de uma vacina é evitar a doença infeciosa ou evitar sintomas graves da mesma, mas muitas vacinas também conseguem prevenir a transmissão do agente infecioso.

Diferentes tipos de vacinas

O “segredo” para desencadear a resposta imunitária está relacionado, precisamente, com a forma como funciona uma vacina. Para que uma vacina seja eficaz e segura, passando todos os ensaios clínicos com sucesso, precisa de simular uma invasão real de um agente agressivo de forma credível, para que o sistema imunitário seja “enganado”. Tudo isto sendo, ao mesmo tempo, inofensiva. Ou seja, sem nenhum risco de desencadear uma infeção ou de provocar outras doenças no organismo.

 

Para obter uma resposta do sistema imunitário, as vacinas são classicamente constituídas por antigénios, que são a parte do agente patogénico que desencadeia a ação do sistema imune. Mas a forma como os antigénios são utilizados e colocados “ao serviço” da vacina depende do método usado:

 

  • Vacinas vivas atenuadas: têm por base uma preparação biológica com o agente patogénico “vivo”, mas de uma forma atenuada, enfraquecida, para que não haja risco de provocar doenças, mantendo a capacidade de desencadear uma resposta imunitária. A imunidade, ao lutar e destruir o agente atenuado introduzido pela vacina, aprende a estar preparada para combater futuras infeções.
    • Exemplos de vacinas atenuadas: VASPR (contra sarampo, papeira e rubéola), da varíola, da febre amarela ou o BCG.
  • Vacinas com agente completo inativado (ou microrganismo “morto”): têm por base uma preparação biológica que inclui o agente patogénico na sua totalidade, mas de uma forma inativada, ou inviável (“morto”), para que não haja risco de provocar doenças. A imunidade, quando contacta o agente inativado (não se apercebendo que já está “morto”), aprende a estar preparada para resolver futuras infeções causadas pelo mesmo agente biológico.
    • Exemplos de vacinas inativadas: Hepatite A ou a vacina “clássica” para a tosse convulsa.
  • Vacinas de componentes ou subunidades: têm por base uma preparação biológica que inclui uma parte importante do agente da doença (uma fração da sua superfície ou uma toxina que produz) para desencadear uma resposta imunitária. A imunidade assim criada processa os antigénios da vacina e produz anticorpos, ficando com a memória do contacto. O organismo passa a estar preparado para lutar contra futuras infeções.
    • Exemplos de vacinas de subunidade: as vacinas do tétano, da difteria ou da hepatite B.
  • Vacinas de vetor viral: ao contrário das vacinas acima descritas, não transportam o agente que se pretende combater, ou fragmentos seus, mas recorrem a uma espécie de “cavalo de Troia”: em regra um vírus inofensivo incapaz de se replicar, mas alterado em laboratório para apresentar na sua superfície algumas características típicas do agente biológico que é o verdadeiro alvo. Assim é desencadeada a resposta esperada do sistema imunitário e o organismo aprende a lutar contra futuras infeções.
    • Exemplos de vacinas de vetor viral: vacina para o Ébola e vacinas para a Covid-19 (Janssen/Johnson-Johnson e AstraZeneca).
  • Vacinas de ácidos nucleicos: são uma tecnologia recente, mas já utilizada no tratamento de alguns cancros (vacinas terapêuticas). Na prevenção de infeções humanas, esta tecnologia foi aprovada pela primeira vez com as vacinas para a Covid-19 da Pfizer-BioNTech e da Moderna. Utilizam um ácido nucleico sintético, ADN (aprovadas até à data apenas para uso veterinário) ou ARN, apresentado ao organismo no que podem ser chamados de “veículos de entrega”. No caso das novas vacinas de ARN mensageiro (ARNm ou, na sigla em inglês, mRNA) para a Covid-19, o veículo de entrega corresponde a “sacos de gordura” (nanopartículas lipídicas). Uma vez dentro da célula hospedeira, providenciam instruções ao organismo para que seja capaz de produzir internamente os antigénios indutores da imunidade. Assim que estes são produzidos, com as instruções da vacina, desencadeia-se a resposta do sistema imunitário e este aprende a lutar contra o agente alvo da vacina.
    • Exemplos de vacinas de ácidos nucleicos: vacinas de RNA mensageiro para a Covid-19 (Pfizer-BioNTech e Moderna).

Para saber mais, leia também “Vacinas Covid-19: como funcionam e qual a sua eficácia?

Existem vacinas combinadas que, quando administradas, imunizam contra várias infeções ao mesmo tempo. São exemplo a DTP (tétano / difteria / tosse convulsa) ou a VASPR (sarampo / papeira / rubéola).

Em alguns casos, estão disponíveis mais do que um tipo de vacinas para a mesma infeção. É o caso da raiva, para a qual há vacinas vivas atenuadas (a vacina de Pasteur foi a primeira), assim como vacinas de vírus completo inativado (como é a vacina da raiva usada no Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa). Também para a paralisia infantil (poliomielite ou, simplesmente, polio) existem dois tipos de vacinas: a viva atenuada (vacina oral ou de Sabin) e a inativada (injetável ou de Salk).

 

Já no caso da Covid-19, foram desenvolvidas vacinas constituídas pelo vírus SARS-CoV-2 completo, mas inativado (a chinesa, da Sinovac Biotech, a primeira a ser aprovada e comercializada no Mundo, e que continua a ser a mais administrada, tendo sido aplicada a metade de todos os vacinados); por vetores virais (a da AstraZeneca, a da Janssen/Johnson-Johnson, ou a russa da Gamaleya) e por ARNm englobado em nanopartículas lipídicas (a da Pfizer-BioNTech ou a da Moderna). Há também vacinas de componentes cuja aprovação está próxima (a da GSK/Sanofi ou a da NovoVax). Quanto às vacinas vivas atenuadas, estão bastante mais atrasadas, até porque têm de atingir níveis de segurança muito mais altos.

 

Para que as vacinas sejam eficazes, por vezes precisam de uma segunda (ou múltiplas) doses, administradas com um intervalo de semanas ou meses. Estas doses contribuem para o desenvolvimento das chamadas células da memória imunitária, capazes de reconhecer o agente infecioso no futuro. Certas vacinas precisam também de ser reforçadas ao longo da vida de uma pessoa, dependendo do tempo que dura a imunização contra a doença.

 

Além das vacinas profiláticas/preventivas, há também vacinas terapêuticas que, mais do que prevenir doenças futuras, agem também sobre uma patologia ou um cancro existente (acelerando a resposta do sistema imunitário).

Infografia: descubra, em imagens, como funciona uma vacina profilática/preventiva e qual a reação do organismo

COMO FUNCIONA UMA VACINA?

Passo 1 | Introdução da vacina no organismo (frequentemente através de injeção)

Passo 2 | Resposta imunitária do organismo

vacina de agente completo ou de subunidades
Vetores virais
Vacina de ARM-mensageiro

Passo 3 | Reação futura do organismo