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Programa Nacional de Vacinação: quais são as vacinas incluídas?

Gratuito e acessível a todas as pessoas presentes no país, o Programa Nacional de Vacinação é uma das maiores histórias de sucesso da saúde pública em Portugal. Saiba quais as vacinas que integram este programa.

30 Nov, 2021
9 min de leitura

Em 1960, a taxa de mortalidade infantil em Portugal era muito elevada: por cada mil crianças que sobreviviam ao parto, 78 acabariam por morrer com menos de um ano, muitas vezes por causas evitáveis por vacinação. Foi exatamente para combater o flagelo da mortalidade infantil que o país lançou, em 1965, o Programa Nacional de Vacinação (PNV).

A vacina contra a poliomielite foi a primeira a ser introduzida. E não é difícil perceber porquê. Embora hoje esteja perto de ser erradicada, no século XX esta era uma das doenças mais temidas, causando paralisia em centenas de milhares de crianças todos os anos. Rapidamente outras vacinas foram incluídas no Programa Nacional de Vacinação e, atualmente, o PNV prevê a recomendação de administração de 13 vacinas para as crianças. A saber: hepatite B, difteria, tétano, tosse convulsa, poliomielite, doença invasiva por Haemophilus influenzae do serotipo b, infeções por Streptococcus pneumoniae de 13 serotipos, doença invasiva por Neisseria meningitidis do grupo B e do grupo C, sarampo, parotidite epidémica, rubéola e ainda a vacina contra infeções pelo vírus do papiloma humano. Além destas, o programa prevê também a administração de determinadas vacinas a grupos de risco e para circunstâncias especiais.

 

O PNV é um programa universal, gratuito e que está acessível a todas as pessoas, mesmo quem ainda não esteja registado no Serviço Nacional de Saúde (SNS). O seu objetivo é proteger a população contra as doenças com maior potencial para constituírem ameaças à saúde pública e para as quais a vacinação confere uma proteção eficaz.

 

A seleção das vacinas que integram o PNV é feita tendo em conta diversos critérios, como o perfil evolutivo das doenças, a evidência científica da utilização das vacinas e a relação custo-benefício no seu uso. A Direção-Geral da Saúde, entidade responsável pela coordenação do Programa Nacional de Vacinação, explica a forma como é feita a seleção: “As vacinas que integram o PNV são as vacinas consideradas de primeira linha, isto é, comprovadamente eficazes e seguras e de cuja aplicação se obtêm os maiores ganhos em saúde”.

As vacinas do Programa Nacional de Vacinação à lupa

Vacina contra a hepatite B (VHB)

Composta por três doses, esta é a primeira vacina que as crianças recebem. A primeira dose é administrada logo à nascença. A segunda dose é administrada aos 2 meses de idade, no âmbito da vacina hexavalente e a última dose é administrada aos 6 meses de idade, também no âmbito da vacina hexavalente. A vacina contra a Hepatite B faz parte do programa nacional de vacinação desde 1995 e tem uma eficácia de 95% na prevenção da infeção.

A vacina hexavalente (seis vacinas individuais combinadas numa só) é usada na prevenção da difteria, tétano e tosse convulsa (DTPa); meningite e pneumonia (Hib); poliomielite; e hepatite B.
A vacina pentavelente (cinco vacinas individuais combinadas numa só) é usada na prevenção da difteria, tétano e tosse convulsa; meningite e pneumonia; e poliomielite.
Já a vacina tetravalente bacteriana, recomendada pela Organização Mundial de Saúde, é uma vacina obrigatória em diversos países para crianças com menos de um ano, protegendo contra a difteria; tétano; tosse convulsa; e meningite e pneumonia.

Vacina contra Haemophilus Influenzae b (Hib)

Esta vacina prevê a administração de quatro doses nas crianças entre os 2 meses e os 18 meses de idade: a primeira dose é administrada no âmbito da vacina hexavalente aos 2 meses; a segunda dose é administrada no âmbito da vacina pentavalente aos 4 meses; a terceira dose é administrada aos 6 meses, através da vacina hexavalente; por fim, a quarta e última dose é administrada aos 18 meses, através da vacina pentavalente.

Vacina contra a difteria, tétano e tosse convulsa (DTPa)

A vacina protege contra estas três doenças é uma vacina hexavalente, sendo administrada nas crianças aos 2 meses (vacina hexavalente), 4 meses (vacina pentavalente), 6 meses, 18 meses (vacina pentavalente) e aos cinco anos (vacina tetravalente). Os reforços contra a difteria e o tétano continuam a ser feitos ao longo da vida. Neste sentido, novas doses da vacina contra estas duas doenças deverão ser administradas aos 10, 25, 45, 65 anos e, depois desta data, de 10 em 10 anos.

Vacina contra a poliomielite (VIP)

É a mais antiga vacina do programa nacional de vacinação e visa proteger as pessoas contra o vírus da poliomielite, que invade o sistema nervoso e pode causar paralisia total. Atualmente, é utilizada a vacina contendo o vírus da poliomielite inativado (VIP), injetável, em substituição da vacina oral contendo o vírus vivo atenuado (VOP), que pode causar problemas em indivíduos imunodeprimidos. Esta vacina prevê a administração de cinco doses nas crianças, seguindo o seguinte calendário:

 

➔ 2 meses (vacina hexavalente);
➔ 4 meses (vacina pentavalente);
➔ 6 meses (vacina hexavalente);
➔ 18 meses (vacina pentavalente);
➔ 5 anos (vacina tetravalente).

Vacina contra infeções por Streptococcus Pneumoniae (Pn13)

Esta vacina, também conhecida por vacina pneumocócica ou vacina da pneumonia, é um instrumento importante para proteger as pessoas das infeções que possam ser causadas pela bactéria Streptococcus pneumoniae e que está associada a doenças como a pneumonia ou a meningite bacteriana. A vacina é administrada em três doses, aos 2, 4 e 12 meses.

Vacina contra a meningite B (MenB)

Até setembro de 2020 esta vacina estava prevista no Programa Nacional de Vacinação apenas para os grupos de risco. O PNV foi, entretanto, atualizado e a vacina contra a meningite B passou a estar disponível para todas as crianças, desde outubro de 2020. A vacina é administrada em três doses (2, 4 e 12 meses) e protege contra a doença causada pela bactéria Neisseria meningitidis do grupo B. A meningite caracteriza-se pela inflamação das meninges, membranas que protegem o cérebro e a medula espinal, podendo causar rapidamente a morte ou deixar sequelas importantes.

Vacina contra a meningite C (MenC)

Esta vacina destina-se a prevenir a doença invasiva por Neisseria meningitidis do grupo C e é administrada numa única dose, aos 12 meses de idade.

Vacina contra o sarampo, parotidite epidémica, rubéola (VASPR)

Esta é uma das vacinas mais administradas em todo o mundo e Portugal também não é exceção. A proteção conferida contra o sarampo, contra a parotidite (doença conhecida como papeira) e contra a rubéola é administrada em duas doses (aos 12 meses e aos 5 anos) em vacina trivalente. “A VASPR é altamente eficaz na prevenção dessas doenças. Normalmente, confere proteção ao longo da vida e tem uma eficácia de cerca de 97-99 % entre as crianças saudáveis que recebem duas doses”, explica o Portal Europeu de Informação Sobre Vacinação da União Europeia.

Cada país da União Europeia (UE) define o seu próprio programa de vacinação. Embora existam diferenças entre cada programa nacional, todos os Estados-Membros incluem a vacinação contra o sarampo, papeira, rubéola, difteria, tétano, tosse convulsa, poliomielite, Haemophilus influenzae tipo B e o vírus do papiloma humano. Poderá consultar aqui os programas de vacinação de cada país.

Vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV)

Este vírus provoca uma infeção silenciosa, muitas vezes sem sintomas ou sinais óbvios. Mas, dependendo do tipo específico de HPV, a infeção pode dar origem a diversos tipos de cancro, nomeadamente, o cancro do colo do útero, o cancro orofaríngeo ou o cancro peniano. A vacina constitui, assim, uma importante ferramenta de prevenção contra estes tipos de cancro. A vacina já fazia parte do Plano Nacional de Vacinação, mas até ao ano passado era administrada apenas às raparigas. Com a atualização do PNV, em outubro de 2020, esta vacina passou a ser administrada também a todos os rapazes. Ela é administrada nas crianças aos 10 anos de idade, em duas doses, com um intervalo de seis meses.

 

Além das vacinas acima assinaladas, o Programa Nacional de Vacinação prevê também esquemas vacinais específicos para grupos de risco ou para circunstâncias especiais. Por exemplo:

 

● Grávidas: em cada gravidez é recomendada uma dose única da vacina contra o tétano, difteria e tosse convulsa, em doses reduzidas.

 

● Grupos com risco acrescido: para as pessoas que pertençam a grupos com risco acrescido para determinadas doenças, o PNV recomenda ainda as vacinas contra a tuberculose, infeções por Streptococcus Pneumoniae de 23 serotipos, doença invasiva por Neisseria meningitidis dos grupos ACWY e hepatite A. A vacina contra o rotavírus (vacina ROTA), principal causador de gastroenterites em crianças, está também indicada para certos grupos de risco.

Tem vacinas em atraso? Descubra o que deve fazer

Porque a vasta maioria das vacinas é administrada durante a infância, por vezes pode haver um esquecimento sobre os prazos em que devem ser administrados os reforços de algumas vacinas. Nestes casos, as pessoas devem dirigir-se aos seus centros de saúde, munidas do seu boletim de vacinas, para verificar se devem (ou não) fazer a vacina em falta, mesmo que já tenham sido ultrapassadas as idades ou datas recomendadas. Em caso de perda do boletim de vacinas, os cidadãos poderão aceder ao seu boletim de vacinas online, na área pessoal do Portal do SNS24 ou na aplicação móvel do SNS24.

Leia também o artigo “Como seria o mundo sem vacinas?

Ao longo das últimas décadas, o Programa Nacional de Vacinação conseguiu diminuir drasticamente a mortalidade infantil. Graças ao PNV, doenças como a tuberculose ou a poliomielite – que eram comuns e letais no passado – são hoje uma raridade e a prova de que as vacinas salvam vidas. Motivos pelos quais o PNV é um dos mais bem-sucedidos programas portugueses de saúde pública.